Déficit no transporte coletivo força avaliação da tarifa em Londrina
Prefeitura terá de cobrir R$ 177 milhões com verba pública em 2025. Apenas R$ 72 milhões estavam previstos no orçamento para este ano
A manutenção da tarifa congelada em R$ 5,75 para os usuários do transporte coletivo de Londrina vai custar caro aos cofres públicos em 2025. A estimativa da Prefeitura é que o sistema custe R$ 305 milhões até o fim do ano, sendo que apenas R$ 128 milhões devem vir da bilheteria. A diferença de R$ 177 milhões terá que ser bancada pelo município, valor que representa quase o dobro do que foi repassado às concessionárias no ano passado.
O salto nas despesas é consequência do reajuste da chamada tarifa técnica, autorizado em dezembro de 2023 pelo então prefeito Marcelo Belinati (PP). Com a atualização, o custo real por passagem subiu para R$ 10,20 na área operada pela Londrisul e R$ 11,80 na da Transporte Coletivo Grande Londrina (TCGL). Ainda assim, a atual gestão, liderada por Tiago Amaral (PSD), decidiu não repassar o aumento aos usuários.
O problema é que o orçamento de 2025 previa apenas R$ 72 milhões para subsídios ao transporte coletivo, valor que cobre menos da metade do déficit estimado.
Recentemente, a CMTU contratou a empresa LG Mobilidade Urbana por R$ 140 mil. O objetivo do contrato, que tem validade de seis meses, é revisar a planilha de custos, analisar os subsídios e diagnosticar o sistema como um todo. O estudo vai subsidiar a definição de estratégias e a possível revisão da tarifa a partir de 2026.
A equipe de reportagem da rádio CBN Londrina procurou o Presidente da CMTU, Fabricio Bianchi, mas foi informada que ele se encontra em viagem.
Em nota oficial, a CMTU afirmou que o levantamento foi motivado por um déficit orçamentário deixado pela gestão anterior de R$ 105 milhões somente no transporte coletivo. A ideia é buscar soluções para reduzir despesas, ampliar o número de passageiros e gerar novas fontes de receita.
A baixa adesão da população ao transporte coletivo é um dos principais gargalos do sistema. Segundo estimativas da CMTU, apenas 44 mil pessoas utilizam os ônibus diariamente, o que representa 7,7% da população de Londrina, que ultrapassa hoje os 577 mil habitantes.
O próprio Plano de Mobilidade Urbana, publicado em 2022, já apontava o desafio de tornar o transporte coletivo mais atrativo do que o carro ou a moto. A manutenção do valor de R$ 5,75 para a tarifa do usuário, mesmo diante do aumento dos custos, foi uma aposta da atual gestão para estimular esse uso.